Anjos

   Muito bem! É hora de irritar os bruxos wiccanos ortodoxos! Sim esta parte é sobre anjos!

   Na magia, trabalhamos com entidades diversas, na Wicca, não é diferente, trabalhamos essencialmente com as entidades ligadas à natureza, aos reinos elementais, se você trabalha com elementais sem invocar seus príncipes e reis, você é idiota, é como entrar na casa de alguém pra pedir favores aos empregados sem permissão do dono. Esses príncepes, reis, ou como você quiser chamá-los, são chamados em diversas culturas de Devas.

   Eles podem ser vistos ocupados em seus afazeres, em lagos, praias, florestas, mas o mais comum é que eles fiquem em grandes altitudes, acima das montanhas, são eles os responsáveis pelo bom andamento das coisas na natureza. A grande surpresa é que a descrição dos devas é muito parecida- senão idêntica- a dos anjos, nossa mente tem dificuldade de entender seres superiores e por isso criamos mitos que possam descrevê-los melhor para nossa compreensão, toda mitologia descreve devas, mas com outros nomes, podemos dizer que anjos são os devas da mitologia cristã, por exemplo, mas sabemos que eles são muito anteriores.

   A mitologia que melhor descreve os devas é a hindu, rica em detalhes e sem medo de não ser compreendida, a maioria dos outros povos a simplificou, misturando-a, por vezes, com atos heróicos de gente que realmente existiu, nesse ponto, o que importa para nós é a essência desse mito, que passa a fazer parte de nosso inconsciente coletivo, por isso recontamos esses mitos eternamente, em filmes, livros e peças, revivendo a ligação que temos com os devas.

   Há devas da estatura de um homem, ou muito mais altos, há devas do tamanho de uma montanha, geralmente, são vistos em seu elemento e muito deles são fixos, ou seja, tomam conta de um determinado local, suas funções variam, sendo alguns a de guardar e a de outros a de verificar se tudo está funcionando como deveria, há devas também de destruição, como os das tempestades, a maioria se assemelha a um homem ou mulher de beleza extrema, cujas vestes diáfanas dançam ao vento, com asas e halos coloridos em volta da cabeça, mesmo os mais estranhos, como os que se assemelham a uma figura humanóide com asas de morcegos, vistos em grandes tespestades ou em cavernas, são belos, com cores incríveis em suas auras.

  Bom já que estamos aqui, vamos conhecer os Devas pricipais de cada reino elemental:

Ar: Rafael e Paralda.

Fogo: Mikhael e Djinn.

Água: Gabriel e Niksa.

Terra: Uriel e Chobb.

 

   Sempre que iniciar um ritual, é de bom tom que invoque os responsáveis de cada reino, se você quiser, pode fazer seus rituais sem invocá-los, mas nesse caso, deixe o telefone dos bombeiros bem à vista, caso aconteça alguma coisa né rs.

   Naturalmente, há devas em todo lugar onde haja natureza, de florestas a simples hortas, de praias a regatos, de vulcões a planícies. Quando realizamos um ritual, no entanto, não precisamos necessariamente estar em um desses lugares para conectar com os devas responsáveis. Basta sabermos o que possui afinidade com o deva que queremos chamar e utilizarmos as ferramentas certas no ritual.

   Claro que é sempre mais interessante estar no elemento do deva que deseja contatar, mas nem sempre é possível, ao contrário do que se pensa, o Rio de Janeiro não tem civilização só em volta da praia, o mesmo para o resto do país, cada qual terá uma facilidade ou dificuldade e para isso utilizamos os rituais, com eles, podemos sintonizar com os elementos, mesmo estando em nossos apartamentos na cidade.

 

   Agora, vamos falar dos anjos, ou devas, se você preferir, e de um tipo de magia muito complexa e que você deveria ter à mão, a magia dos anjos faz parte da Cabala, da Magia Teúrgica e da antiga magia cerimonial, ela é baseada na Bíblia e se você não tem nenhum problema com a igreja, aconselho a experimentar. Lembre-se que a vida mágica é cheia de experimentos, não se baseie na opinião dos outros, nem mesmo na minha rs, experimente, veja você mesmo e tire suas conclusões, se não for a sua praia, pelo menos você pode dizer porque, ao invés de parecer essas pobres pessoas que simplesmente seguem a cabeça dos outros.

 

A beleza que muitos não conhecem...

   Anjos, do latim angelus, significa mensageiro, a imagem que temos dos anjos é herança da Renascença, onde Rafael Sanzio nos presenteou em sua curta existência - viveu apenas 26 anos - com imagens bélissimas de Maria, a mãe de Cristo e Rainha dos Anjos.

   Rafael não foi o único, assim como ele, muitos outros pintores da Renascença reviviam o clássico greco-romano com cenas em que os anjos interagiam como parte natural da paisagem. A Bíblia, um dos mais antigos livros de que se tem notícia, e toda a base de nossa cultura judaico-cristã, fala dos anjos que expulsaram Adão e Eva do Éden, depois do seu pecado primordial, depois da expulsão, os Querubins, uma das três categorias mais próximas de Deus, montaram guarda na porta oriental, com suas flamejantes espadas de fogo viradas em todas as direções, os anjos surgiram em outras ocasiões, não tinham asas, e comiam naturalmente com os humanos.

   Abraão recebeu 3 anjos que com ele comeram vitela, pão e queijo, Maria recebeu a visita de Gabriel, que desde então ficou conhecido como o anjo da Anunciação, que lhe disse que seria a mãe do Filho de Deus, e que ele se chamaria Jesus, quando Cristo morreu, em seu sepulcro um anjo estava sentado quando Maria, mãe de João, e Madalena o foram visitar, e o anjo lhes disse que seu mestre havia ressuscitado, em todos esses casos relatados na Bíblia e ilustrados centenas de vezes mais tarde por artistas de várias épocas, os anjos possuíam sempre uma beleza luminosa, e trasmitiam, junto com suas mensagens, uma divina sensação de paz e confiança numa força maior.

   No livro de jó eles são chamados de "estrelas matutinas" e nos Salmos, de "carros de Deus", mas, apesar de nossa reação inicial ao lembrar dos anjos seja lembrar da Bíblia, encontramos essas figuras divinas em muitas outras culturas, em muitas outras épocas.

 

A muito tempo atrás, antes da Bíblia

   Estudiosos afirmam que a mais antiga representação de um anjo foi encontrada numa estela da cidade de UR, no Vale dos Eufrates, cerca de 230 Km da Babilônia, UR foi colonizada cerca de 4000 anos antes de Cristo, e teve seu auge por volta de 2500 a.C., continuando sua trajetória por mais de 1500 anos. A estela retrata uma figura alada que desce de um dos sete céus da crença sumérica para derramar a água da vida na taça do rei.

   Antes disso ainda, podemos citar os grifos alados da Mesopotâmia, e a Ísis alada, talvez numa representação do anjo da morte, pintada numa tumba egípcia, na Grécia antiga, lembramos de Iris, o arco-íris de Zeus, Hermes, mensageiro dos Deuses, que faziam o papel conhecido dos anjos de ajudar os homens e levar mensagens, a Alada Nice grega da Vitória, inspiradora dos anjos da Renascença, apareceria séculos depois da idéia dos anjos se espalhar por toda a Ásia Menos até chegar na Itália.

   De fato, é muito difícil saber onde exatamente surgiu a idéia dos anjos, na Malásia, as sardas são chamadas de beijos dos anjos, o conceito de anjos surge na mitologia dos mitraicos, maniqueus, arianos e zoroastristas, e se transmitem através do pensamento persa até o judaico, cristão e islâmico, as idéias caminham de maneiras estranhas às vezes, talvez o conceito de anjos tenha surgido em uma determinada cultura e sido disseminado para as outras então, durante vários séculos, ciganos, mercenários, bandidos, remanescentes da fome e da guerra vagaram por toda a Ásia, de Bizâncio a Catai.

   Talvez a concepção dos anjos tenha surgido em diversas culturas ao mesmo tempo, não seria a primeira nem a última vez que isso aconteceria, ou talvez ainda, não tenha surgido, talvez a idéia de ter seres divinos que cuidam de nós fosse uma espécie de certeza em nossos corações desde os primeiros passos da humanidade, algo que pulsaria cada vez que a força invisível que compele todos os seres pulsasse. Há coisas tão enraizadas, tão profundas, tão inerentes à alma humana, que não conseguimos descobrir onde exatamente elas começaram... É como tentar descobrir quando o rpimeiro homem amou uma mulher, e quando a primeira mulher amou um homem. 

 

Vivemos nos últimos anos uma invasão bastante peculiar... Depois da Revolução Industrial, quando vivemos o ápice do materialismo e qualquer tipo de pensamento dedicado ao invisível era tido como ridículo, a humanidade pareceu se sentir mais vazia, oca, talvez de fé, talvez de si mesma, a humanidade começou a voltar seus olhos para o outro lado, foi quando o Espiritismo de Alan Kardec surgiu, avisando que a morte não era o fim, e começaram a surgir muitas outras coisas...

   Primeiro, vieram as fadas, depois os duendes, e logo todos os elementais, seres mágicos que cuidam e vivem na natureza, invadiram as cabeças e vidas das pessoas, eles estavam em jornais, revistas, livros, camisetas, bottons,jóias, filmes... Eram elfos, ondinas, silfos e gnomos, estavam em toda parte, e não estavam em lugar nenhum, você não precisava ser um iluminado para encontrá-los, moravam em sua casa, em seu jardim, estavam enraizados no imaginário popular.

   Os elementais viraram moda, uma moda bem graciosa, diga-se de passagem, mas, na verdade, eles estavam apenas abrindo caminho para uma outra tendência muito mais poderosa, eram uma espécie de comissão de frente para seres ainda mais mágicos, e muito mais poderosos, os anjos estavam chegando... Começaram discretamente na literatura, eram relatos isolados de autores bastante inspirados que contavam como tinha sido seu encontro com um anjo, um anjo aqui... Outro anjo ali... E, de repente, aqueles encontros isolados não pareciam mais tão isolados, pessoas viam anjos, sentiam anjos, falavam de anjos, era uma festa de anjos!

   Muita gente alega que isso é mais uma armadilha da mídia para vender, afinal, vender é a grande palavra do século XX, qualquer propaganda na televisão te garante a felicidade completa se você adquirir seu produto, talvez haja um fundo de verdade nisso, uma pesquisa realizada na década de 90 mostrou que a maior parte da população brasileira, predominantemente católica, acredita em anjo da guarda, era um filão bastante interessante para ser explorado...

   As pessoas buscavam algo que lhes faltava, mas não sabia bem o que era, o materialismo da Revolução Industrial havia deixado um imenso vazio nas pessoas, elas se sentiam sós e perdidas, os anjos se tornaram a resposta imediata para todos os seus problemas, elas tinham alguém com quem contar, um amigo, um companheiro, um parceiro, assim, os anjos conquistaram o mundo, em camisetas, livros, pôsteres, cadernos, pastas, agendas, fitas de vídeo... Os anjos estão, literalmente, entre nós. Mas o que pouca gente sabe é que os anjos não são uma novidade e que sua histórias são quase tão antigas quanto o próprio homem, o que alguns chamam de oportunismo capitalista, outros acreditam ser apenas um momento que a humanidade vive, momento esse em que precisamos saber que não estamos sozinhos, e, que, apesar de toda a correria e injustiças sociais, estamos abertos a conversas com a força maior que nos criou, e ele então enviou novamente seus mensageiros...